Marielle vive na cidade e em nossos corações.

Faz um mês. Desde quarta-feira, dia 14 de março de de 2018, estamos enfrentando momentos muito difíceis, de dor, indignação e saudade. Marielle Franco foi covardemente tirada de nós. Sem saber ao certo como seguir perante a brutalidade, caminhamos, apoiando-se umas na outras e levantando os olhos a cada passo. Nos somamos no nosso luto, mas também na(s) nossa(s) luta(s). Não iremos deixar calar mais uma voz que se levantava pelas mulheres, pelas(os) pretas(os), pelas(os) faveladas(os), pelas lésbicas, pelas(os) bissexuais, pelas mães e por muitas(os) outras(os).

Somos muitas e cada vez maiores!

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“As primeiras a serem expulsas são as prostitutas”

Gabriela Leite, prostituta, escritora e fundadora do movimento social de defesa dos direitos das trabalhadoras do sexo no Brasil, afirma, em uma entrevista de 2006 na revista Caros Amigos, que as primeiras pessoas a serem expulsas por processos de intervenções/renovações urbanas são as prostitutas (LEITE, 2006). De forma recorrente, prostitutas são alvo de processos de remoção e “limpeza”. A eliminação da prostituição aparenta ser uma estratégia precursora de abertura de caminhos para processos de revalorização imobiliária, marcados pela chamada “gentrificação”, na qual a principal característica é uma nova injeção de capital na área e a decorrente substituição de seus moradores/usuários por outros de maior renda. Para isso se efetivar, a violência contra a presença das prostitutas é aliada a processos também violentos de desconstrução dos seus espaços de atuação, como demolições e “emparedamentos”.

“Pistas del Baile”: série de fotografias da artista mexicana Teresa Margolles que retratam prostitutas sobre os escombros da demolição de antigas boates e locais de prostituição nos quais trabalhavam em Ciudad Juárez , México: “Desde los años noventa, sucesivos gobiernos han intentado recuperar su centro histórico llevando a cabo una limpieza social y desplazando, entre otros, a las trabajadoras sexuales que se desenvuelven en la zona. Casas y negocios han sido cerrados y demolidos a lo largo de los años, entre ellos numerosos clubes nocturnos y discotecas, debido a la guerra entre carteles de droga, a decisiones gubernamentales y a la especulación inmobiliaria (Artishock, Jun 9, 2017)”

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por uma cidade para mães e crianças

quadrinho da maravilhosa Thaiz Leão autora do “Mãe Solo”

Era carnaval e resolvemos sair com nosso bebê de quatro meses. No primeiro dia quem levou a bebéia amarrada no sling foi o pai dela. Foi muito divertido. Um sucesso! As pessoas não paravam de tirar foto da nossa joaninha. E elogiavam: “que legal trazer o bebê no carnaval!”, “assim já acostuma desde cedo”. Teve gente que até aproveitou pra paquerar o pai descolado “hum… a mãe também veio ou você está sozinho?”.

No outro dia eu coloquei nossa filha no carregador e fomos todos contentes pra rua. Mas a recepção foi COMPLETAMENTE – para não dizer violentamente – diferente. Nenhuma foto e nenhum elogio. Apenas olhares tortos que pareciam dizer “o que você esta fazendo com um bebê aqui?”. Algumas pessoas falaram “NOSSA!! é um bebê de verdade!?!?!” com cara de horrorizadas. Encontrei uma amiga que teve a coragem de dizer na minha cara o que os outros não disseram “você é louca de vir com ela aqui”. Foi horrível, fomos embora se sentindo os piores pais do mundo.

Depois, em casa, sentamos e pensamos. Os blocos eram praticamente iguais, no mesmo horário (de manhã cedinho) e na verdade o primeiro era bem maior que o segundo, o que, nesse caso, traria até mais riscos para o bebê. O que tinha mudado? QUEM carregava a criança. O pai era um cara divertido de sair com a filhinha pequena no carnaval, eu era uma mãe negligente. EU DEVERIA TER FICADO EM CASA.

Falta refletir mais sobre isso, mas essas experiências me fizeram pensar muito sobre o que é ser mãe e o sobre o que é ser pai em sua circulação no espaço urbano. Será que essa história também reflete como acontece a relação entre o espaço privado/espaço público e o lugar das mulheres/homens na cidade?

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convite debate: MEGAEVENTOS E A INVISIBILIDADE DA PROBLEMÁTICA DE GÊNERO

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No dia 28/04/2014, das 14:00 – 16:00h, iremos realizar o debate “MEGAEVENTOS E A INVISIBILIDADE DA PROBLEMÁTICA DE GÊNERO” na “II Conferência Internacional Megaeventos e a Cidade” (http://megaeventos.ettern.ippur.ufrj.br).

Nossa sessão livre é aberta a todes participarem e apresentarem suas opiniões e relatos, não precisa estar inscrito na conferencia para participar. A ideia do debate é inclusive reunir depoimentos e impressões sobre as violações de gênero nas intervenções urbanas dos megaeventos. No debate estão confirmadas até agora: Indianara Siqueira (transgênera, puta, assessora parlamentar e VadiX da Marcha das Vadias do Rio de Janeiro), Rossana Brandão Tavares (PROURB/UFRJ), Rachel Barros (IESP/UFRJ) e Diana Helene (IPPUR/UFRJ).

28/04/2014, 14h, Sala:SL6

Clube de Engenharia
(a cinco minutos do metrô da Carioca)
Ed. Edison Passos
Centro, Rio de Janeiro – RJ – Brasil

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Fonte: blog Fórum Comunitário do Porto- Foto: Edmilson de Lima/Favela em Foco
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Campanha “Chega de Fiu-Fiu” escancara os problemas do direito da mulher à cidade

A campanha contra o assédio sexual em espaços públicos “Chega de Fiu-Fiu” foi uma idéia de Juliana de Faria e Karin Hueck para mostrar que as mulheres estão fartas do assédio sexual nas ruas. Assim elas criaram uma pesquisa online em agosto de 2013, da qual participaram 7.762 mulheres. Para divulgar a pesquisa nas redes digitais, elas contaram com quadrinhos feitos pela artista Gabriela Shigihara:

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Os resultados da pesquisa mostram claramente como o assédio constante limita o uso das mulheres do espaço das cidades de maneira igualitária e segura: 81% das mulheres entrevistadas responderam sim para pergunta “Você já deixou de fazer alguma coisa (ir a algum lugar, passar na frente de uma obra, sair a pé) com medo do assédio?“. Além disso, 90% afirmam terem trocado de roupa pensando no lugar que iam por medo de ser assediada.

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“La calle es nuestra!”

Lambe-lambes pelas ruas de Madrid na Espanha: “Las mujeres del barrio estamos hartas de la violencia machista – La calle es nuestra! – Machirulos tened cuidado” (As mulheres do bairro estão fartas da violência machista –  A rua é nossa! – Machistinhas tenham cuidado).

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