sobre nós

A construção deste blog no ano de 2013 foi motivada pela “quase-completa” ausência no Brasil de debates, pesquisas, colóquios, seminários, teses, dissertações, artigos etc. sobre as desigualdades de Gênero na Arquitetura, Urbanismo e no Planejamento Urbano – ou no chamados Estudos Urbanos. “Quase-completa” porque sabemos que há iniciativas isoladas que não estão mobilizadas coletivamente a fim de ganhar força no mundo acadêmico. Por esta razão, gostaríamos que este blog fosse um instrumento de mobilização e de encontro, de troca de informações.

Há mais de 4 décadas as urbanistas estadunidenses, canadenses e européias/us, sobretudo, inglesas/es e espanholas, têm estudado a questão urbana numa perspectiva feminista. Geógrafas/os destes países também se dedicam ao debate sobre o espaço e gênero. Com enfoques diferentes, vemos que as pesquisas vem ganhando amplitude, repercutindo na América Latina (Argentina, Nicarágua, México, Colômbia etc.). No Brasil, este debate ainda não se estabeleceu, mesmo com trabalhos realizados por movimentos sociais e ONGs, desde a década de 90, esta problemática é ainda pouco pautada pela academia, apesar dos avanços. É possível encontrar algumas geógrafas/os no Brasil que se debruçam sobre o estudo do espaço a partir da perspectiva feminista. No entanto, entre arquitetas e urbanistas ainda são poucos os trabalhos acadêmicos e grupos de pesquisa.

Não esperamos, e nem desejamos, uma mera importação das pesquisas e estudos urbanos internacionais para a realidade nacional. Até porque, em alguns países, as reflexões entre urbanistas feministas já estão numa segunda onda, iniciada em meados dos anos 1980 e 90, quando se fortalece uma grande crítica ao feminismo eurocêntrico e branco – Black Feminism nos EUA, sobretudo. A realidade e a problemática urbana de gênero no Brasil têm suas particularidades, assim como o feminismo, por isso a nossa ideia é a construção.

Queremos construir coletivamente e de forma solidária um pensamento crítico feminista sobre os estudos urbanos no Brasil. Por isso, todas e todos estão convidadas/os a contribuir com o blog FeminismUrbana a fim de que possamos estimular cada vez mais pesquisas e trabalhos, e formar uma rede de troca estimulante e construtiva para o presente e o futuro de nossas cidades e de nossa sociedade.

Diana HELENE Ramos _ desde 2004, atua junto a diferentes movimentos sociais de mulheres, moradia e trabalho em São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro. Foi esta atuação, na prática, que deu subsídios para realização da sua monografia de graduação, da sua dissertação de mestrado e do seu doutorado, que ganhou o prêmio Capes 2016 de melhor tese na área do Planejamento Urbano e Regional (baixe aqui). Aprofundou os estudos interseccionais de gênero durante seu pós-doutorado na UQAM (Canadá), em 2017, e no IPPUR/UFRJ, em 2018. Atualmente, é professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Alagoas, da Pós-graduação em Tecnologia para o Desenvolvimento Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro, coordena o projeto de pesquisa “A cidade como extensão da Casa: sistema de espaços livres e vida cotidiana” (PIBIC – FAU/UFAL) e o projeto de extensão “Tecnologias para outra forma de construção: a experiência construtiva das mulheres em movimentos populares” (Carleton University, Canadá – FAU/Ufal), além de ser tutora do Escritório Modelo da FAU/UFAL, o Beco. Nestas instituições, pesquisa e leciona sobre planejamento urbano, urbanismo, paisagismo, identidade, cultura e tecnologia, com enfoque nos estudos interseccionais e decoloniais.

Rossana Brandão TAVARES_ feminista, desde 2004 atua junto aos movimentos urbanos e de luta pela moradia no Rio de Janeiro e Baixada Fluminense, foi assistente da secretaria executiva do FNRU (2004-2007) e técnica e educadora popular da ONG FASERio até 2012. Tem experiência de assessoria parlamentar, tendo integrado a equipe do mandato da vereadora Marielle Franco. Atualmente, é professora arquiteta e urbanista (TUR/EAU/UFF), professora colaboradora PPGAU/UFF e coordenadora do Projeto de Pesquisa “Práticas espaciais generificadas e os conflitos urbanos e socioambientais” (GPDU/UFF). Tem acumulado experiência em ensino, pesquisa e extensão em projeto e planejamento urbano, habitação social, gênero no urbanismo a partir das teorias feministas. desenvolvendo investigações sobre corpo, espaço, vida cotidiana, reprodução social, precariedade, resistências, políticas urbanas, assim como, perspectivas teórico-metodológicas na arquitetura e urbanismo a partir das teorias feministas e queer. Especialista e mestre em planejamento urbano e regional (IPPUR/UFRJ), doutora em urbanismo (PROURB/UFRJ) com doutorado sanduíche CAPES/COFECUB (Paris, França), quando propôs o conceito de “espaço generificado de resistência”. Atualmente, conta com auxílio ARC/FAPERJ e bolsa IC/FAPERJ 2021/2022.

(este blog é uma iniciativa autônoma)