por uma CIDADE BOLSA

Em 1988, a escritora estadunidense Ursula K. Le Guin escrevia um texto simples, um ensaio de apenas algumas páginas, mas com uma extrema potência semântica para criar uma simples e importante implosão de ponto de vista, uma “redefinição feminista da história como uma tecnologia cultural” (Shin; Vickers, 2019, p. 4, tradução livre): A TEORIA DA BOLSA DA FICÇÃO (The Carrier Bag Theory of Fiction). A importante teórica feminista Donna Haraway, na introdução que escreveu para este livro em uma edição estadunidense de 2019, afirma que o texto de Le guin “moldou meu pensamento sobre a narrativa em torno da teoria da evolução” e foi essencial na sua produção mais famosa (ainda sem tradução pro português) Primate Visions: Gender, Race, and Nature in the World of Modern Science (Haraway, 2019, p. 9, tradução livre). O ensaio, recém traduzido para o português e lançado em livro pela Editora N-1 no Brasil (você também pode ler uma tradução informal do texto neste blog), questiona uma visão recorrente nas histórias dominantes e propõe uma mudança de perspectiva.

Continuar lendo

Debate: Espaços generificados e a resistência feminina na cidade

30743407_951308308361568_8405558178627977216_nNum contexto de discussões sobre a questão de gênero nos espaços urbanos, o LabCidade (FAUUSP) convida a urbanista Rossana Brandão Tavares, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), para um debate sobre “Espaços Generificados”. O termo nasceu de sua pesquisa sobre a apropriação do espaço pelas mulheres no morro da Providência, na zona central do Rio de Janeiro, apresentada na tese “Indiferença à diferença: espaços urbanos de resistência na perspectiva das desigualdades de gênero”.
Continuar lendo

indicação de leitura: “Feminist theory and planning theory: the epistemological linkages”

SANDERCOCK, Leonie; FORSYTH, Ann. “Feminist theory and planning theory:  the epistemological linkages”. In: CAMPBELL, Scott; FAINSTEIN, Susan. Readings in planning theory. Malden/Mass, Blackwell Publishers, 1996, p. 471-478.

A crítica feminista à epistemologia patriarcal e racionalista do Planejamento Urbano e Regional

Leonie SANDERCOCK vem produzindo e organizando uma excelente bibliografia acerca de estudos urbanos não-hegemônicos. Neste texto, em conjunto com Ann FORSYTH, as autoras fazem uma reflexão acerca da união epistemológica entre gênero e planejamento. O trabalho é uma ótima introdução para se pensar no tema, tão escasso nas leituras brasileiras. Infelizmente, o texto original é em inglês e ainda não está traduzido. Por isso, pontuamos aqui algumas colocações importantes que elas apontam.

Continuar lendo